EM 1986, JESUS CRISTO CONHECE A COCAÍNA

Quero lembrar a todos que este post era para ser uma pseudo-continuação do anterior. Porém, por problemas de direitos de uso de nomes e palavras, ele ainda está nas mãos de advogados. Prometo em breve continuar a saga da família Izecson.

Para eu encontrar a lógica para organizar os aforismos que ocorrem pela minha cuca ociosa será árdua tarefa. De qualquer sorte tentarei.

O “moral e ética” do SEMCANEIRA mora com sua frase de início. Sempre tento mostrar a idolatria as avessas, as linhas do contra que fazem a história ser mais “pró”. Dentro deste reino de vilões, compreendidos ou não, moram os argentinos. E vários deles. Copiosamente ou não, não admiro nenhum deles. E indo mais além ainda, os boleiros hermanos que eu admito são os good boys, coisa que 80% das vezes repudio. Não diria good boys ao extremo, mas sim os eternos trabalhadores: Cambiasso, Zanetti, Aimar da fornada que está para se aposentar, Redondo e Batistuta dos que já abriram conta no boteco. Claro que existem outros, mas bastamos por outros pormenores.

Minha linha de raciocínio deu-se início quando Galliani mostrou interesse pela aberração das quatro linhas, Carlitos Tevez. Aberração estética, não futebolística, por favor.
Fiquei revoltado com a escolha. Sabe-se lá porque exatamente. E nisso começaram a desenrolar uma série de pequenos acontecimentos que explicam essas pulgas detrás de minhas orelhas.

Como já informei, a lógica será complicada.
Para os que não sabem, discuto futebol com menos de cinco seres vivos. Com todos os outros assumo personalidades “default”, no qual apenas defendo o AC Milan e torço que a dupla GreNal desapareça do planeta. Destas talvez cinco pessoas, duas eu já citei por estas bandas. “O Oráculo”, que fatalmente tenho maior contato virtual, e seu primo, “O Boleiro”. Agora terei a honra de citar o primo destes dois, “O Cartola”. Se for definir de uma forma mais freudiana, seria descaradamente o ID, o EGO e o SUPEREGO, não nesta devida ordem.
Voltando, depois de largo tempo, reatei os contatos com o bendito “Cartola”. Nesta série de encontros ele mais cartola do que nunca, mostra-se extremamente descontente com o cenário do futebol brasileiro. Onde Neymar é o novo messias e Tite sagra-se como pastor mor. Entre vários devaneios do “Cartola”, ele mostra uma nova faceta, a de amante incondicional pela Argentina. Não sei se pela Argentina inteira, mas pelo futebol Argentino e o que ele cria. No papo ele ficou comparando jogadores brasileiros e argentinos. Ele tem suas razões em dizer que o argentino já nasce “classudo”, ou imponente, ou com um charme a mais em respeito ao esporte. Mas é bem infeliz nas comparações, pois sofrem de um mal temporal: “Enquanto nosso país dá a luz um tal de Ganso, eles mostram Riquelmes, D’Alessandros…”. Não precisa comparar o futebol dos citados, é só um exemplo de gerações diferentes.
Eu jurava que o último meia a moda antiga que os plantenses haviam criado era Belluschi, da fábrica de craques, River Plate. Não, não, ele me enganou direitinho e se escondeu. O último foi D’Alessandro mesmo. Esses meias que ganham um jogo sozinho fazendo apenas duas jogadas em todos 90 e poucos minutos. As vezes nem é diretamente um meia, mas quem detém mais a bola. O Verón carregou no colo o Estudiantes até aguentar. O Riquelme ainda carrega o Boca, que por sinal é um timeco de dar nojo.

Bem, voltando as questões de minha ira contra os contraventores argentinos. A primeira coisa que veio-me a cabeça com o Tevez no Milan foi: argentinos moram no Giuseppe Meaza e não no San Siro. E de fato, o único argentino que lembro-me no Milan foi o Redondo, e que o MELHOR VOLANTE DA HISTÓRIA mal pôde jogar devido a diversas lesões. Então nem conto. Mas não é só isso. Tem que ter mais raiva escondida.

Fiquei pensando na atual idolatria por Lionel Messi. Que me irrita por N coisas, em principal 3: por ele atuar pelo Barcelona; por ele ostentar a fama de Nova Madre Thereza; e por ele ser considerado o melhor do Mundo e por alguns da própria história. O que me deixa mais calmo é que ele não consegue fazer os mesmos ditos “milagres da Catalunha” pelos mantos de sua malha nacional. Com a alviceleste é um ótimo jogador, mas parou por aí. E se ele fosse nigeriano eu nutritia o mesmo sentimento. Não é pelo fato de ele ser argentino, vos asseguro.
Replicando mais minhas justificativas, gostaria de lembrar que ele não faz dribles magníficos ou punhetas de Youtube, ele “apenas” é um cara que é quase impossível de tirar a bola a não ser descendo o pau. Não posso comparar ele com Riquelme, D’Alessandro, Maradona…mas talvez, eu disse TALVEZ, com Pelé. Ele é o melhor jogador em um novo futebol. O futebol cooperativo, ou releitura da Laranja Mecânica. Não joga sozinho, joga como uma pessoa muito inteligente, não como um egóico craque. O Pelé podemos dizer que nunca jogou sozinho. Por acaso o Santos da época dele ou as seleções quando ele atuou não eram equipes de altíssimo nível? Bem, joguem pedras a vontade.

Eu avisei, seria desorganizado. Pura verborragia.

Santo Cristo Nosso Senhor! Será que tem como comparar belezas? Será que tem como comparar competências? Do mesmo tempo ou época sim, mas de épocas distintas JAMAIS! Se eu aplicar a lógica destas comparações ridículas, posso dizer que se Hitler fosse Nero, Calígula ou qualquer outro do Império Romano, hoje, todo santo filisteu europeu seria loirinho de olhos claros, porco cane!
Em meus tempos de faculdade foquei muito de minha monografia no estudo da estética, de dizer o que é belo e feio, das comparações. A primeira coisa que aprendi é que SIM, BELEZA ASSIM COMO OUTRAS COISAS SE DISCUTEM. Destas outras coisas tu podes adicionar futebol, religião e qual fuzil de preferência. Porém, só se discute AK-47 com M-16 e não com um mosquete da era napoleônica, OK?!?! A coisa não é na eficácia, e sim em “como o mundo era mundo no X tempo”. Talvez a única coisa imutável na sociedade por longo de toda a civilização é o orgasmo, que não é uma faculdade social, mas sim meramente instintivo.
Vejamos, em 1962 jogadores de futebol eram ícones de dinheiro ou de profissão divisora de mares financeiros como é agora? A cultura do “paga-se muito para um cara que corre atrás de uma bola”, na minha opinião, foi o que iniciou a mudança do futebol. Tudo bem que na Europa a realidade era outra, mas a entrada dos latinos em maior escala no velho continentes que iniciou o “novo jogo”. Este novo jogo podemos dizer que começou nos princípios dos anos 80. E este novo jogo começou o seu fim em 2010 (mais ou menos). Ironicamente quando a Europa teve seu ápice, apogeu e queda econômica. Ironicamente ou obviamente.
Por mais que me digam que foi a “Família Scolari” que ganhou a Copa de 2002, eu discordo piamente alegando que foi uma relação de encaixes. Felipão retirou a força o orgulho infantil de Rivaldo e Ronaldo, assim, os dois poderiam jogar juntos. Outro fator é apenas “um ato” que durou pouco mais de 70 minutos, Assis Junior que fez a sua única participação válida pela Seleção do Teixeira contra os ingleses. E por fim dois laterais que atacavam tanto que sufocavam e sobrecarregavam os flancos adversários que normalmente funcionavam em sistema europeu. Se tinha conjunto de jogadores de nível? Claro! Anderson Polga e Edmílson eram pura classe! Praticamente um Gamarra! Hou, hou, hou!
E alguns italianos porretes irão contestar com sua seleção de peões em 2006, que era puro espírito de equipe. Negócio é o seguinte, o time baseava-se em pitbulls defensivos e Andrea Pirlo. Pirlo que fazia as coisas acontecerem. Óbvio que daí até um cara que faz jus ao sobrenome, Fábio Grosso, me acha um gol, um Luca Toni demora uma vida pra balançar o barbante, etc etc etc, os vários acasos do futebol italiano.
Daí uma organizada Espanha que nunca conseguiu vencer pelo individual, abre seu armário de títulos mundiais pela primeira vez com um monte de caras que supostamente sabem o que estão fazendo, mas com a certeza de onde estará cada companheiro, o que farão e como farão. O futebol cooperativo novamente vem a moda. E voltando ao Messi, ele joga em um lindo e quase perfeito conjunto e é derivado como o melhor dessa patotinha. Iai, querem comparar Messi a CriCri RoRo? Comparem o CriCri RoRo a um Ibrahimovic, Drogba, seres que são similares até de caráter. Clássicos cuzões. Mas os poucos que fazem o que bem entendem sem terem seus contratos rescindidos.

Ha menos de duas horas vi um documentário feito por Emir Kusturica. Um diretor renomado natural de Sarajevo, conhecido pelo seu estilo “alternativo” a grosso modo. O documentário se intitula “Maradona by Emir Kusturica”. Eu demorei quase todo o documentário para entender o clima da coisa. Em resumo o tal diretor admira o Armando pelo fato do porteño ser amante de revolucionários, como Che, Fidel e nutrir amizade com babacas como Evo Morales e Hugo Chávez. Daí o tal diretor que pra ter sobrevivido a Sarajevo de sua adolescência só poderia ser de família de altos dotes, e, como um sobrevivente daquelas bandas, é totalmente contra ao sistema militar de direita. Que sinceramente o de direita e o de esquerda, na pratica, não muda porra nenhuma.
Neste enfadonho documentário, aparece a igreja maradonistica, a família dele, ele falando da cocaína como uma suposta terceira pessoa, de que graças a ele o Napoli ganhou o que ganhou MAS só quando o Corrado Ferlaino pagava-o(assunto que abrirei nova linha), de que a Copa de 86 foi a vitória do povo contra o imperialismo, de que o Bush é um assassino, de que na seleção de 94 os únicos que não usavam sequer uma aspirina era ele e o Cannigia (salva de palmas), que o Michel Platini é um crápula lobbysta, de que o João Havelange é o maior mafioso entre os mafiosos…peraí Brutus! Ta querendo me dizer com esse papinho de hypado paulistano que a culpa do tráfico não é o usuário e sim do traficante? Que quem cria o vicio não é a droga, mas sim o traficante?!?!? De todas as merdas que eu já ouvi do Maradona, essa foi a pior. Poderia aliar-me a ele pois nutrimos o ódio pela mesma cabeça, mas não. Eu não me junto com sujeira.

Para quem não sabe o Maradona foi contratado do Boca pelo Barcelona pela mesmas pessoas que o levaram ao Napoli. Os intermediadores e pagadores da aposta foram sempre os mesmos. A diferença entre estes e uma FIFA e uma CBF ou uma AFA da vida, é que estes ditos intermediadores não são nenhuma federação, confederação ou órgão de última instancia. São apenas napolitanos que vieram na era de Sandokan e Paolo Di Lauro. Sejamos mais detalhistas perante a história do crime e da economia. A costa de Barcelona e algumas outras partes dela é propriedade de napolitanos desde o início dos anos 70. Inicialmente eles só faziam a droga correr na badalada cidade. Depois começaram a fazer tudo que um bom italiano sabe fazer, transformar dinheiro sujo em investimento limpo para assim ter lucro final limpo. Depois dos anos 90 estes napolitanos que eram de uma organização mais “do contra” a “Camorra geral”, por terem feito seu dinheiro quase que somente em território espanhol, começaram a ser chamados pelos italianos de “spagnoli”, que nada mais é que “espanhóis”.
Maradona conheceu a bendita cocaína quando chegou em Barcelona. Fez ótimos jogos, lesionou-se N vezes, e por fim arranjou uma pancadaria coletiva em um jogo que resultou uma multa grossa a ele. Conjunto com outras coisas o presidente do Barcelona considerou o Sr. Armando como “dispensável”. Nisso Maradona ficou diminuta sem equipe. Apareceu um interesse pela Juventus, que seu presidente, Angnelli, tinha uma queda pelos mesmos aromas de Diego. Entretanto o “presidente em campo” da vecchia signora, Michel Platini, barrou a contratação do castelhano em alto e bom som. A outra opção seria o Napoli, a equipe dos “intermediadores”. Mas o Napoli, por mais que muito conhecido, era uma equipe nanica do futebol italiano. No sul do país quem reinava era a Roma e fim de papo. Tinha um presidente devoto ao clube, e suscetível as maracutaias da máfia, mas era um trambiqueiro que nunca foi realmente aceito em nenhuma das “famílias”. Ok, deram a chance para o clube pequeno ter tempo de pagar o preço pela jóia nutrida a trafico. O presidente trambiqueiro, Corrado Ferlaino (taí a linha que iria abrir), para fazer jus a sua obra, depositou cheques sem fundo e inscrição na federação em branco, simplesmente para ganhar o tal tempo para pagar por Maradona. Daí nesse meio tempo ele catou uma forma de arranjar a grana, e quando vieram reclamar dos cheques e da inscrição inválida, lá estava ele com a grana em mãos e um tapinha nas costas de todos. Tudo certo, Maradona vai pro Napoli da forma que a moral dele merece. Campeonatos aconteceram, uns ganhos outros não. De importância dois Scudettos e uma Copa da Uefa mais exatamente. Mas daí, o Sr. Diego Armando Maradona já tinha gasto todas as suas fichas ou queimando todo seu filme. Devia um caminhão de dinheiro para o fisco italiano, devia para a máfia, devia, devia, devia ter costurado as narinas, isso sim! Em um jogo contra o Bari ele é sorteado para o exame de dopping. E esse foi o último jogo “válido” da parte vitoriosa da carreira de Maradona. Ele caiu no exame, o bafão foi geral. Ele acusou o presidente do clube por falta de apoio. O presidente fez sua replica dizendo que se não fosse por ele (o presidente) e seus trabalhos para trocar frascos com urina de jogadores “limpos” e compras de pessoas, o Diego teria caído no primeiro ano de clube. Ou seja, em índole o Maradona foi um Adriano Imperador que jogava mais e ganhou coisas polpudas. O Adriano continua uma criança que descobriu o lança perfume, ainda. O Maradona já é um macaco velho que cheira(va) e colocava uma goma de mascar na boca pra não dar tanto chavão.
Enfim, o fim não foi exatamente este. Ou suponhamos que o Diego não tenho sido tão inocente assim, até porque ele antes de boleiro e cheirador, ele é um argentino. A vida dele seguiu por outros clubes onde ele fez pouco, nada fez, ou foi parábola do marketing platense pelo Boca Juniors. Daí esse cara que foi clamado em uma série de cargos nos quais nunca cumpriu, e devido somente a uma promessa, transformou-se no treinador da seleção alviceleste. Bem, vendo deste plano, talvez seja a única parte da história que tem um viés de coesão. Um jockey de nacional nada mais é que um estimulador, um bota pilha. Peguem como exemplo o Zico, que é muito mais professor do que técnico, e em muitos anos mal conseguiu ensinar japoneses a cruzar uma bola no primeiro pau. Ou o sábio Vicente Del Bosque, que não criou uma formação, um sistema de jogo para Espanha, mas sim apenas usou de sua experiência em dizer as palavras certas para caras que já sabiam como fazer, e que talvez só faltasse o psicológico preparado. Psicológico preparado por Diego Armando Maradona? Chega parecer uma pegadinha, mas ele provou o que é mesmo, um craque rockstar e só. Aí que eu coloco o nanico travesso em comparação com Garrincha e não com Pelé. Se colocassem o Garrincha para treinar qualquer mega time, tu achas que ele acrescentaria o que? Que raios de elementos estratégicos táticos teria o Seu Mané dos Bares a dizer?

Novamente me sinto perdido em meu próprio texto.

Maradona não pensa antes de agir. Nunca pensou. Ele age naturalmente. Não treinou mil horas para acertar uma falta como um Zico da vida. Ou não pensa no lance completo antes de acontecer como um Zidane que suou sua camisa uma vez só na vida, mirando uma cabeçada em um certo Marco. Aí, neste instante, Zidane foi Maradona. Foi paixão, foi emoção, foi o milagreiro e não o profeta, foi a cocaína e não o chá de cidreira. Um líder tem diversas funções, diversos momentos, e inúmeras utilidades. Inclusive as negativas. Aí é que entra a equação que faz a Argentina uma terra de tangos e tragédias. E também de clemência. Clemência para se ter um líder. Um novo líder. O próximo líder.

Se tu pegares a história da Argentina, é basicamente marcada por lideres. De Che Guevara a Carlos Menem. De Perón a Carlos Gardel. Não acredito que tenha um povo no mundo que careça tanto de um messias, capitão, profeta, etc, etc, etc, que os argentinos. Um ser que tenha aquele magnetismo e fibra que os simples mortais não possuem. Que pode ser o contraventor máximo, mas que leve a massa da glória a catástrofe em quatro ou cinco palavras. Creio que me fiz entender. E tu podes notar quando conversas com um castelhano como ele mistura com facilidade e sem ser premeditado os sentimentos de conquista e dor, de amor e sofrimento. É a natureza da tal raça. E, depois que eu pude viver por pouco tempo em Napoli e sentir na carne o que é aquele lugar, entendi perfeitamente o casamento. Aquele povo é argentino. Está sufocado até o pescoço de merda, e mesmo assim fala com orgulho CHE NOI SIAMO NAPOLETANI! E talvez seja por isso que eu não queira conhecer o Rio de Janeiro, por ser esta onda ou uma ponte de misturas entre Buenos Aires e Napoli. Um lugar arrebatado de belezas naturais, atolado na merda corruptiva (neologismo), com um povinho prepotente e vagabundo que se dizem patronos do lugar mais fantástico do mundo. Bem, que se fodam seus cariocas, napolitanos, porteños e seja quem for. Antes de mais nada, o que fizeram os seus lugares se tornarem bostas do melodrama foi a própria conivência dos “locais”. Desde os princípios e para todo sempre, culpados.

Maaaasssssssssss voltando, já faz um longo tempo que a Argentina carece de um líder, certo? E todas esperanças foram depositadas em punhado de carne que não deve chegar aos 60 quilos. Lionel Messi ganha o título mas não a coroa.
Não que ele não seja merecedor, mas ele não faz o teatro para merecer. Como um bom argentino, tomou no cu com a própria raça. Quando era pequeno e buscou tratamento em seu solo, todos os clubes o negaram. Daí uma tropa de espanhóis decidiu bancar o tal tratamento apostando tudo no guri. O fedelho cresce e aparece. A federação espanhola convida-o para ser um selecionável da nação a qual lhe deu de comer. E ele, como um bom argentino, diz não. Ama sua terra, sua gente. Quer fazer o povo mais uma vez vencer o “imperialismo”. Mas ele não é um líder. Não foi treinado sob a tutela da palavra “adversidade”. Foi projetado para funcionar em grupo, e muito bem obrigado. A conversa volta ao papo dos clássicos meias, no qual a fábrica anda parada. Maradona, o líder, a voz do povo, projeta um novo 10. Ou “o novo e real 10”. Mete o frangalhado Lionel na frente do grande círculo para municiar e criar tudo. Só não obriga-o a dar discursos dramáticos para toda população tomadora da péssima Quilmes. Mas não. Mas não, mais uma vez.

O ser humano tem a estranha mania de: em um time consagrado campeão, se uma das peças do elenco saí, logicamente uma nova deve ser posta no lugar. E esta nova tem que cumprir quase que exatamente as mesmas funções e qualidades da antiga. Quanto time nessa vida ficou manco de um jogador e demorou para se dar conta que quem deve mandar é o sistema, e não um jogador ser o sistema. Por mais que já velho, Alex Ferguson joga quase que da mesma forma ha muitos anos. Assim como Arsènè Wenger.
Penso pequeno. Penso no time do Grêmio quando tinha o Carlos Eduardo. Daí o ligeirinho saiu e foi um parto para “achar quem cumprisse a função”. Ou quando o Taison saiu do Inter. Outra novela. Ou quando Tinga e Jorge Vagner deixaram o colorado após beberem no caneco das Américas…uma das minhas teorias é que o Abel só se deu conta do que REALMENTE ele tinha a disposição no jogo contra o Barcelona. Daí ele pensou: “Vou ser este Internacional, e não fazer este ser o de seis meses atrás.” Os pernas de pau fizeram o seu melhor e deu no que deu.
Posso pensar grande e projetar o histórico de todos “peças chave” do meio de campo juventino. Quando saiu Zidane, veio Nedved. Foi um parto para descobrirem para que o Nedved servia, e não era para ser um substituto de Zidane, mas sim e somente um Nedved. Daí o Nedved se aposenta e tentam colocar Diego Ribas em seu lugar…entenderam o tamanho do furo da bala?

Mas não. Mas não de novo. Messi não funcionou como o esperado. Esperado?
Aí é que eu falo em “adversidades” ser uma ótima escola, por mais que dura e triste. Pegue um Rivaldo da vida, e estude todas as posições que ele já atuou ou foi incumbido a atuar. Ele fracassou em alguma?
O Messi da era Rijkaard e início da era Guardiola era uma coisa. O atual é outra. Ele entrou em comum acordo com o seu treinador para jogar “mais na frente”. O time inteiro entende. Pois este time joga por todos e com todos todo o tempo. Tudo certo! Para a carreira pessoal de Lionel Messi sim. Para a Argentina não. Ficará sabe-se lá mais quantos anos em busca de “o novo 10”, ou entupam o Riquelme de efedrina e preparem-no para a Copa de 2014. Ou o D’Alessandro. Ha-ha-ha.
Se o Mano Menezes acorda alguns dias de bom humor é graças em saber que tem uma seleção que está mais sem respostas que a dele. E mora aqui do lado.

Ah sim! Messi e Guardiola entraram em acordo de qual posição ele iria atuar. Isso rendeu um banco para o sempre citado Zlatan Ibrahimovic, que é em gênero, numero e grau um anti-herói. Ele faz tudo certo, excelente jogador, de origem humilde, subiu na vida quase sem a ajuda de ninguém, e agora manda todo mundo se foder porque ele não é o Pelé. Ele é um ser humano pensante, que vive de rancores e raivas. E por isso não é hipócrita o suficiente de pensar NO GRUPO, NAS PESSOAS ou NA SOCIEDADE. Ele está pouco se lixando se o Barcelona fosse campeão de via láctea com ele no banco. Ele quer estar jogando. Quer fazer o dele. Ter seu papel. Mostrar o porque é diferente. Pau no seu cu, Guardiola! Irei para uma equipe que me idolatrará sem sombra de dúvida.
E nisso aparece o primeiro “anti-cristo” que jogou e joga bem pela bandas do San Siro. Entenda-se “anti-cristo” jogadores com o temperamento dele, Didier Drogba, Eric Cantona, George Best…os mestres dos “ensimesmados”. Não que o Milan seja um time de cristãos. Já foi de um (ex)evangélico, mas não era só dele o time, e este nunca trabalhou para tal. Boban, van Basten, Gullit, Weah…nenhum desses eram senhores de EGO. Enfim, Zlatan é o primeiro da raça a vestir a “maglia rossonera”.

Tevez. Tevez de origem humilde para não dizer da extrema miséria, herói do seu povo, herói do povo mais povinho do mundo (corinthianos), o craque das massas. Não é um anti-herói, só tem um dos piores temperamentos da atualidade futebolística. Se na cidade chove, por mais que ele ganhe milhões, ele, que é tão romântico e humano como Zlatan, quer mudar de cidade no mesmo dia.

Tevez não pode ser um Lula argentino…que vem do meio do povo e conquista a fama e o mundo. Ele não é carismático, não sabe falar, é feio, é burro…peraí? Mas o Lula é o contrario de alguma dessas coisas que eu acabei de citar? Bem, deixa assim.

E, recordando-me do amigo, primo dos primos, “o Cartola”, no qual ele diz que a fábrica de jogadores da Argentina está muito por cima com Tevez, Aguerros, Lavezzis, Lamelas, Buonanotes…cara, fico com o tal Neymar. Não que ele seja melhor, mas é muito mais fácil de domar.
E também não quero o Neymar no Milan. Muito menos Tevez. O lugar de mocinho e bandido já está ocupado no San Siro. Um faz gol, o outro virou parente do presidente. E neste time absolutamente romântico e não grupal, quase todos já tem seu lugar na fábula. E não precisamos de um ogro para assustar a princesa Bárbara.
O rei é Silvio, o mago é Clarence. O Cavaleiro Negro tem um nariz grande e tem até o “Monstro”. Estranhamente tem dois príncipes, mas tudo funciona “come Dio comanda”.
Caro Carlitos, fique em suas mil e uma noites em pleno fog bretão. Muito obrigado.

P.s.: todo e qualquer devaneio e falta de estrutura sintática e morfológica deste texto é inteiramente responsabilidade de quem está o lendo. Sou ser humano como Zlatan e não tenho pena de você.

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